História da Escola de Dança

A Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia nasceu em 1956 a partir dos projetos de criação de novas escolas conduzidos pelo Reitor Edgar Santos em um período fértil de renovação cultural no âmbito universitário dos anos de 1950. Nesta perspectiva, dois anos após os “Seminários de Música” realizados em 1954, foram fundadas a Escola de Teatro e a Escola de Dança.

A Escola de Dança teve sua fundação consolidada por meio de convite à diretora polonesa Yanka Rudzka (gestão 1956-1959), e foi posteriormente reformulada pedagogicamente pelo diretor alemão convidado Rolf Gelewsky (gestão 1960-1965). Reconhecida como a primeira do gênero em nível superior, no decorrer da sua história torna-se um centro de referência da dança moderna no Brasil e na América do Sul, desenvolvendo-se num perfil contemporâneo de Dança, traduzindo-se com frequência por avanços estéticos e espírito crítico inovador.

Como instituição superior de ensino, a Escola está estruturada como unidade autônoma, em conformidade com o Regimento Geral da UFBA. Sua estrutura e funcionamento observa especificidades e competências para difundir conhecimentos pertinentes ao campo da Dança. Em sua complexidade institucional, a Escola de Dança da UFBA traz um histórico aglutinador, sustentando por várias décadas a posição de pioneira no ensino, pesquisa e extensão em Dança. Em sua trajetória tem formado gerações de alunos multiplicadores, contando com corpo técnico-administrativo dedicado e docentes qualificados, sendo sua maioria formada em Dança, com titulação de doutores e pós-doutoramento no exterior.

Inicialmente fundada no estilo da Dança Moderna Europeia, mais especificamente da linhagem da Dança Expressionista Alemã, a Escola manteve-se por 28 anos como única em nível superior de ensino da Dança no Brasil. A importância da Escola de Dança da UFBA se deve, em grande parte, à Profa. Dra. Dulce Aquino que, desde 1966, assumiu a direção da Escola por diversas gestões, dedicando sua vida à Escola, fazendo-a crescer potencialmente e se estender no tempo. São marcas das gestões da Profª Dulce Aquino à frente da Escola de Dança as inúmeras reformas de ensino, adequações curriculares, novas metodologias artístico-pedagógicas, e os significativos avanços na luta por reconhecimento e voz às expressões afrodiaspóricas, à diversidade de gênero, além da ampliação das discussões sobre acessibilidade. Ressalte-se ainda a consolidação, junto ao corpo docente e técnico-administrativo a contribuição sociocultural do ensino da dança na Universidade em resposta às demandas da sociedade, através da implantação, nos anos de 1980, de Cursos Preparatórios, Cursos Livres e Cursos de Extensão especializados, que garantiram o amplo acesso da comunidade soteropolitana ao universo de uma dança de caráter investigativo.

Frente às demandas artístico-acadêmicas da sociedade brasileira, a Escola de Dança, em constante processo de produção e atualização do conhecimento, é também pioneira na criação de cursos de Pós-Graduação em Dança. Em 1985, implanta o Curso de Especialização Lato Sensu em Coreografia, avançando, em nível nacional, em mais um patamar do ensino superior da Dança. Durante 14 anos, esse curso contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, e desempenhou um papel singular como centro de qualificação de profissionais oriundos de diversas regiões do Brasil. Em 1998, em parceria com a Escola de Teatro da UFBA, participa da criação do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC/UFBA, que oferece cursos de Mestrado e Doutorado. Ao longo desses anos, o PPGAC/UFBA dinamiza a produção e a formação acadêmica nas Artes Cênicas através de diversas publicações e pesquisas, tendo logrado e sustentado nota 6,0 da avaliação da CAPES desde sua implantação.

No ano de 2000, inicia-se um importante projeto de cooperação entre as Escolas de Dança da UFBA e o Programa em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, através do Programa de Qualificação Institucional da CAPES - PQI/CAPES. Esta cooperação impulsionou a realização de importantes ações na Escola, como a atualização de seus cursos com vistas à criação de um ambiente próprio para a Dança como campo de conhecimento. Em 2003, é implantada a Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança, e criado o Laboratório de Pesquisas Avançadas do Corpo – LaPAC, que ganha novos incentivos através do apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA, da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão - FAPEX, e do financiamento CT-INFRA/FINEP, fundo destinado à modernização e ampliação da infraestrutura e dos serviços de apoio à pesquisa desenvolvida em instituições públicas brasileiras de ensino superior.

Em 2004, cria-se o Projeto Memorial da Escola de Dança, definido posteriormente como um programa permanente destinado a levantar, organizar e difundir a memória da Escola de Dança da UFBA. Posteriormente, foi retomado e reorganizado em seus objetivos com maior amplitude, passando a chamar-se Memorial de Dança da UFBA e contando com pesquisas documentais e atividades formativas sobre a produção de acervos digitais, memória artística e estética, com depoimentos e narrativas de grupos e personalidades da Dança da Bahia e do Brasil.

A Escola teve crescimento exponencial nos últimos anos e hoje oferece quatro cursos de Graduação em Dança: Bacharelado em Dança diurno, Licenciatura em Dança diurno, Licenciatura em Dança noturno e Licenciatura em Dança na modalidade EAD. Além dessas formações, oferece componentes curriculares para outros cursos de graduação e para as áreas de concentração dos Bacharelados Interdisciplinares da UFBA. Conta com dois programas de Pós-Graduação: o Programa de Pós-Graduação em Dança (PPGDança) e o Programa de Pós-Graduação Profissional em Dança (PRODAN) . O PPGDança foi criado em 2006 oferecendo curso de Mestrado (Stricto Sensu) e o Curso de Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança (Lato Sensu). Em 2019, o Programa implantou o Curso de Doutorado em Dança – o primeiro público e gratuito no mundo. A Escola é também pioneira na criação, em 2018, do PRODAN, com o curso de Mestrado Profissional em Dança para profissionais com carreira consolidada em criação, docência e gestão.

A Escola de Dança da UFBA se desenvolveu formando profissionais competentes, que hoje são encontrados em diversas partes do país atuando na pesquisa, no ensino, na criação e na produção artística da Dança. Também vem contribuindo, de maneira singular, através de seus cursos, convênios e parcerias institucionais, para a atualização e reciclagem de vários profissionais oriundos de outros estados e mesmo de outros países. No âmbito das pesquisas artísticas e acadêmicas, a Escola vem contribuindo intensamente para produzir conhecimentos nas mais variadas linhas de pesquisa, de forma a atender às diversas configurações de/em Dança, frente às mudanças estéticas e conceituais que se apresentam na contemporaneidade.

Em relação aos grupos artísticos, estes sempre se desenvolveram a partir de pesquisas artístico-acadêmicas da comunidade da Escola, gerando em torno de 400 obras coreográficas. Estes grupos são: Conjunto de Dança Contemporânea, Grupo Juventude Dança, GDC - Grupo de Dança Contemporânea da UFBA, Grupo Odundê, Grupo Experimental, Grupo Imagem e o Grupo Tran-Chan. Este último foi apoiado nos anos de 1980 e 1990 como grupo residente, desenvolvendo-se independentemente e se tornando conhecido no Brasil e no exterior.

O GDC - Grupo de Dança Contemporânea da UFBA é um programa permanente da Escola, criado com fins de complementação da formação dos alunos da graduação, especialmente para aqueles que fizeram opção pelo bacharelado. Sua carreira consolidada deve-se, por um lado, aos inúmeros profissionais que contribuíram para seu repertório de espetáculos e, por outro lado, pelo amparo institucional por representar a Escola com atividades e funções de caráter permanente da UFBA. Desde 2017, trabalha em duas modalidades: Núcleo Experimental em Dança Contemporânea e Núcleo Contemporâneo em Manifestações Populares.

A Escola abriga ainda os seguintes grupos residentes: Grupo X de Improvisação; Grupo Bambá, formado por professores e músicos; Grupo Rapadura com Urucum & Dendê; e Grupo Coisa de Pretxs, formado por estudantes.

A Escola é também, historicamente, reconhecida por ser instrumento catalisador perante artistas e instituições. Um dos fatores mais importantes para esse reconhecimento é o fato de a Escola ter mantido, por vinte anos, a realização da Oficina Nacional de Dança Contemporânea (1977-1997), com ações que deram suporte e justificaram sua presença no cenário da dança brasileira. A realização da Oficina, inclusive, aglutinou, durante duas décadas, grupos emergentes de vanguarda que investiam na pesquisa de linguagem, tanto do Brasil quanto do exterior, o que resultou em um grande impulso para o desenvolvimento da dança nacional em suas formas mais inovadoras e criativas.

Importante ressaltar que a Escola é incentivadora e foi uma das instituições responsáveis na luta pela criação, em 2008, da Associação Nacional de Pesquisadores em Dança – ANDA. Em diversos períodos desde a fundação da ANDA, a Escola foi palco e esteve à frente das decisões nas reuniões científicas e organização de congressos e comitês. Em 2019, a Escola sediou o VI Encontro Científico Nacional de Pesquisadores em Dança e foi escolhida como sede para o VI Congresso da ANDA.

Em 2022, a Escola de Dança inaugura uma nova área, ampliada do antigo prédio, com três pavimentos interligados por escadas, elevador panorâmico e rampa de acessibilidade, medindo aproximadamente 4.000 m².

Esta conquista marca uma etapa importante do plano de extensão da Escola de Dança, que na última década expandiu consideravelmente a sua atuação através da constituição de novos cursos de graduação e pós-graduação. A ampliação também viabiliza os seguintes objetivos: fornecer meios de acessibilidade e outras facilitações adequadas às demandas da comunidade interna e externa; ampliar o espaço específico destinado para aulas de Dança; atender melhor às necessidades de funcionamento administrativo; oferecer ambientes para o convívio artístico-cultural e social dos corpos discentes, docentes e de técnicos-administrativos; acomodar professores com gabinetes, oferecendo melhor condição de pesquisa, preparação de aulas e orientação acadêmica.

Seguimos construindo uma Escola de Dança plural dentro da Universidade Federal da Bahia, instituição Pública, Gratuita e de Qualidade.